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Recursos pesqueiros, uso sustentável da floresta e turismo ambiental foram algumas das potencialidades listadas pelos representantes dos moradores das ilhas de Cotijuba e adjacências, durante a oficina de leitura do território no processo de revisão do Plano Diretor de Belém (PDM), realizada nesta quarta-feira, 22, no ginásio de esportes da Unidade Pedagógica da Taveira, no centro da ilha.
“Eu acho que a questão da economia sustentável e inclusão social é importantíssima nessa discussão aqui em Cotijuba. A gente sabe que nós temos um grande potencial de turismo fortemente alinhado às questões ambientais da ilha”, destacou o professor Antônio Maués, morador da localidade Vai Quem Quer. Ele também defendeu a criação de áreas de preservação ambiental. “Na ilha [Cotijuba] nós temos microclimas, temos as praias, mas nós temos mato e florestas. A gente precisa que se proteja a fauna e a flora”, disse o professor.
Os representantes das localidades também expuseram os temas que eles consideram que merecem atenção do poder público. Ronildo Souza, o Robinho, morador há 32 anos em Cotijuba, defendeu a regularização fundiária dos terrenos.
A dona de casa Waldenize Figueiredo reclamou das falhas no sistema de abastecimento d’água. “A nossa maior dificuldade na ilha, no meu ponto de vista, é a água. Quando falta água é que a bomba escangalha. É um sufoco. Já ficamos aqui quase um mês sem água”, disse a moradora.
Para o morador da localidade Vai Quem Quer, o aposentado Pedro Paulo, residente há 22 anos, a prioridade são as melhorias no transporte marítimo entre a ilha e o continente, com relação à gratuidade das passagens, segundo ele, em número restrito destinado aos idosos.
O desmatamento e a exploração mineral irregulares também preocupam os moradores. “Nós temos que ter uma profunda preocupação ambiental na ilha, que é a retirada de material, que todos necessitam, de areia, pedra e de piçarra. Estamos num momento de expansão, as pessoas precisam construir”, alertou o professor Maués.
A moradora Doraci Ó do Nascimento, 72 , dona de uma barraca de praia há 56 anos, relatou fatos históricos da ilha, como a existência do Educandário Nogueira de Farias, instalado em 1933 para abrigar menores infratores, mas que depois foi transformado em presídio, sendo desativado em 1977.
Contribuição
Cotijuba é uma das 42 ilhas da área insular de Belém e possui cerca de 12 mil habitantes. Um dos principais atrativos do lugar são as mais de 10 praias de água doce banhadas pelas baías do Guajará e Marajó. “Esta leitura do território é para os moradores identificarem os problemas e as potencialidades da ilha. Essa contribuição vai compor o diagnóstico que servirá para a elaboração do Plano Diretor Municipal”, informou a arquiteta e urbanista Alice Rodrigues, coordenadora da equipe técnica de revisão do PDM, no encerramento da oficina distrital das ilhas oeste de Belém.
O Plano Diretor é a lei municipal que organiza o crescimento e o funcionamento da cidade, para garantir aos cidadãos do município um território adequado para morar, trabalhar e viver com dignidade. O atual é de 2008 e deveria ter sido revisado em 2018, mas a administração municipal da época não concluiu o processo. A revisão é uma exigência do Estatuto da Cidade.
Além das oficinas distritais, qualquer pessoa pode contribuir com propostas, sugestões ou comentários para a elaboração do PDM, por meio das consultas virtuais no site do Plano Diretor Municipal.
A próxima oficina vai ocorrer na sexta-feira, 24, na sede do Fórum Landi, na rua Siqueira Mendes, Cidade Velha, tendo como tema o centro histórico de Belém.
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